Saída de Mexia afinal fez valorizar a EDP em bolsa

A decisão de suspender António Mexia e João Manso Neto dos cargos de CEO da EDP e EDP Renováveis, respetivamente, tinha levado a EDP a desvalorizar 475 milhões em Bolsa na segunda-feira. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários decidiu suspender a negociação das duas empresas para que fossem prestadas informações, mas depois de serem conhecidos os nomes dos dois CEO interinos, Miguel Stilwell de Andrade, na EDP, e Rui Teixeira, na EDP Renováveis, as ações da elétrica nacional dispararam. A empresa fechou mesmo o dia a valorizar 658 milhões de euros, superando em muito as perdas do dia anterior.

Depois da suspensão da negociação, as duas empresas voltaram ao mercado e começaram o dia em perda, mas foram recuperando ao longo da sessão. A EDP negociou um volume muito acima da média, com 55,2 milhões de ações a serem trocadas, e fechou o dia com uma avaliação bolsista de 16,546 milhões de euros. Na segunda-feira, as ações tinham fechado a 4,345 euros, ontem recuperaram 4,14%, para 4,452 euros.

Impacto internacional

Também a EDP Renováveis valorizou 4,94% por ação, para 13,96 euros, alcançando um valor máximo desde 5 de março.

Ontem, o banco de investimento internacional Beremberg emitiu uma nota de research (citada pelo Negócios) positiva para as duas empresas, recomendando a compra de ações, muito graças ao sinal de estabilidade dado com as escolhas dos substitutos interinos de Mexia e Manso Neto.

Se a escolha de Stilwell de Andrade foi conhecida ainda na segunda-feira, o nome de Rui Teixeira à frente da EDP Renováveis foi conhecido às primeiras horas de ontem, num comunicado enviado à CMVM e em que a empresa o designa “como responsável para coordenar os trabalhos desta comissão (executiva) e pela interlocução com a EDP – principal acionista da EDPR”. Sublinhando a questão da estabilidade também na EDPR, o comunicado diz que “a equipa de gestão da EDPR mantém-se em funcionamento inteiramente normal e a exercer as suas funções”.

A suspensão de funções dos dois dirigentes foi notícia na imprensa internacional, nomeadamente na agência Reuters, no americano “New York Times”, no britânico “Financial Times”, e ainda nos espanhóis “Cinco Dias” e “El Mundo”. A nível internacional é referido que a investigação a Mexia e Manso Neto decorre há três anos e que faz parte de um processo que já dura há oito. O inquérito investiga os procedimentos relativos à introdução no setor elétrico nacional dos Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC). Os dois gestores foram constituídos arguidos em junho de 2017 por suspeitas de corrupção ativa e participação económica em negócio.

Elétrica influenciou avaliação das barragens e poupou na concessão

A EDP alegadamente “orientou” a avaliação do Crédit Suisse acerca do valor a pagar pelo prolongamento da concessão de barragens e interveio também junto do Caixa BI, que realizou um estudo semelhante. No documento da decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal, assinada pelo juiz Carlos Alexandre, em que cita o Ministério Público, lê-se que este alegado ilícito terá servido para a empresa pagar um valor inferior por este benefício ao que foi depois calculado. A combinação terá sido feita por Rui Cartaxo [do gabinete de Manuel Pinho, foi depois para a REN], Manuel Pinho [ministro da Economia em 2006 e 2007], António Mexia e João Manso Neto”. O Caixa BI não comentou e o Crédit Suisse não reagiu.

SourceJN

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