Brexit ameaça os motores do ‘milagre português’

Entre todos os afetados pela saída do Reino Unido da União Europeia, destaca-se um que, paradoxalmente, todos deram como um modelo sólido para enfrentar a atual incerteza: Portugal, diz a correspondente em Lisboa do jornal espanhol ‘El Confidencial’. A recuperação de Portugal, para alguns ‘milagrosa’, baseadas no turismo e nas exportações, são áreas muito vulneráveis a mudanças externas, diz o ‘El Confidencial’. Ora, o Brexit configura uma profunda mudança externa.

Em Lisboa, os sinais de alarme já soaram, o que fica provado pelo facto de a “hábil e discreta diplomacia portuguesa ter conseguido trazer, no meio da semana mais complicada do divórcio com o Reino Unido, ao negociador-chefe de Bruxelas para o Brexit, Michel Barnier, para dar algumas pistas do futuro aos deputados, ao primeiro-ministro e até ao presidente de Portugal”, escreve a autora do texto.

O setor de turismo e o setor de exportação são os dois mais afetados, como indiretamente confirmou António Costa, diz o texto, ao apresentar um ‘plano de contingência’ para um possível Brexit sem um acordo que se concentra em proteger as chegadas dos turistas e as empresas que operam no Reino Unido.

O ‘El Confidencial’ descobriu os perigos que afetam a economia portuguesa. Primeiro perigo: a chegada de turistas britânicos, o primeiro mercado de Portugal (representa um quarto do número total de visitantes, caiu 8,7% nos primeiros dez meses de 2018.

Para conter os receios, “o Governo de Portugal avançou como medida de crise com o lançamento de uma nova campanha no Reino Unido e irá criar corredores específicos para aquele mercado nos aeroportos de Faro Funchal.

Segundo perigo: as exportações. O Reino Unido é o quarto mercado de vendas de bens portugueses e o primeiro de exportação de serviços, “algo que deixa os portugueses numa posição muito delicada com o Brexit”. O divórcio entre Londres e Bruxelas pode se traduzir em uma queda nas exportações portuguesas entre 15 e 26%, dependendo se ocorre com ou sem acordo (estimativa da CIP). Segundo o jornal, os setores têxtil e do calçado estão na linha da frente do impacto.

No meio disto tudo, diz o «’El Confidencial’, António Costa tentará, nas próximas eleições, livrar-se da coligação que suporta o governo na Assembleia da República.

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