Vai nascer uma fábrica de aviões no Alentejo. E promete criar 1200 empregos

O projeto do CEiiA com brasileira Desaer vai desenvolver e produzir aeronave ligeira em Évora, no primeiro programa aeronáutico completo do país

O ambicioso projeto que junta o português CEiiA (Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto), sediado em Matosinhos, e a Desaer (Desenvolvimento Aeronáutico), uma empresa brasileira especializada na produção de aviões, é apresentado esta sexta-feira, em Évora, com a presença de dois ministros – a ministra da Coesão Social e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Trata-se, assim, de uma joint-venture luso-brasileira, que pretende criar 1200 empregos em cinco anos no Alentejo e ser o início de um projeto único no país, já que se trata do primeiro programa aeronáutico completo que vai desde o desenvolvimento, industrialização e operação de aeronaves de nova geração a partir de Portugal.

O projeto chama-se Programa ATL-100, vai arrancar nas instalações do CEiiA no PACT (Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia), em Évora, e serve então para o desenvolvimento e industrialização da aeronave ligeira de nova geração para um mercado de curtas distâncias (a ATL-100).

O modelo em questão foi criado pela Desaer, que trabalha nele já há alguns meses com o CEiiA, e está preparado para o transporte de passageiros até 19 pessoas e carga até 2,5 toneladas. Além disso, é multi-configurável para maior flexibilidade na logística de passageiros e mercadorias. O seu desenho foi pensado para que tenha menos custos operacionais e maior sustentabilidade do que tem sido o habitual neste tipo de aeronaves, prevendo mesmo a evolução para plataforma neutra em carbono.

Vai nascer uma fábrica de aviões no Alentejo. E promete criar 1200 empregos

Em comunicado, Miguel Braga, da Direção do CEiiA, admite que o programa lançado esta semana servirá para “reforçar de forma definitiva aquele que é o Polo aeronáutico nacional em Évora, com o desenvolvimento de um programa completo e inovador que nos permite criar um novo integrador a partir de Portugal, para a industrialização e operação de aeronaves de nova geração”.

Já Roberto Figueiredo, acionista da Desaer, indica que “esta parceria, que agrega competências complementares do setor aeroespacial de Portugal e do Brasil, além de ser um importante projeto de inovação tecnológica e de criação de emprego em ambos os países, assume ainda mais relevância num contexto de crise do setor provocado pela pandemia Covid-19″.

O CEiiA avança ainda que a chegada deste projeto ao país também resulta da capacidade criada em Portugal nos últimos anos em programas como o KC-390, um avião militar da Embraer com componentes feitas em fábricas de Alverca e Évora.

O cronograma de desenvolvimento apresentado é para cinco anos, num programa que prevê o envolvimento de mais de 30 empresas e universidades nacionais e internacionais, nomeadamente ligadas aos programas como o MIT. Os responsáveis estimam que seja possível criar diretamente 1200 empregos qualificados na região do Alentejo.

CEiiA à procura de engenheiros para Évora

As contratações já começaram e o site do CEiiA tem mesmo uma área que explica que tipo de perfil procura para o seu novo programa em Évora. Para já, pedem-se engenheiros de projeto, cálculo de estruturas, aerodinâmica, materiais, sistemas (elétricos, mecânicos e aviónicos), cargas e mecânica de voo, processo de produção e tolerânciamento, gestão de projeto, controlo e configuração de produto, entre outros.

Na área de aeronáutica, o CEiiA tem centrado a sua atividade no desenvolvimento de programas completos de grande dimensão com o envolvimento desde as fases preliminares de design até à certificação de aeroestruturas. Em comunicado é indicado que as suas capacidades técnicas e tecnológicas têm sido valorizadas nesta temática, destacando mesmo projetos com a Leonardo Helicopters e a Dassault, além da produção de componentes para o avião KC-390 da Embraer – que é o maior avião desenvolvido pela empresa.

A brasileira Desaer, com sede em São José dos Campos, Brasil, foi fundada por ex-quadros da Embraer e do ITA, em 2017, com o objetivo inicial de produzir o avião militar Embraer Bandeirante, projeto já apresentado e validado pela Força Aérea Brasileira.

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