Mercadona quer manter em Portugal o modelo que tem em Espanha

Num ano em que o mercado da distribuição em Portugal está a ser animado pela concretização do início da operação do gigante espanhol do setor, a Mercadona, e pela turbulência em torno do controlo accionista do Dia (em Portugal opera com a insígnia Minipreço), que poderá provocar alterações no ‘ranking’ dos principais operadores no mercado nacional, nota-se que a crescente competitividade no setor passa por novas tendências que privilegiam a inovação e se focam em particular no retalho agroalimentar. Os destaques vão para os produtos frescos, soluções de refeições com cozinhas próprias dos grupos distribuidores e para as marcas próprias. Há uma aposta crescente no setor agroalimentar, uma preocupação com a saúde, promovendo as reduções de consumo de sal, açúcar e gorduras. Preços competitivos, a continuação do reinado das promoções, a progressiva importância das lojas de proximidade e uma atenção reforçada às questões de ambiente e sustentabilidade, de que é exemplo a tentativa generalizada de redução de consumo de plástico, são as outras tendências que vão marcar o futuro da distribuição em Portugal.

A Mercadona, apresenta-se este ano como ‘agent provocateur’ do mercado nacional de distribuição, também vai colocar muitas fichas na distribuição alimentar. “A nossa proposta é manter em Portugal o modelo que tem feito da Mercadona líder em Espanha, tendo perfeita consciência que estamos a entrar num novo mercado, com diferenças a distintos níveis: consumidores, legislação, entre outras. Por este motivo, desde Junho de 2016, temos estado a fazer um esforço de adaptação a Portugal a todos os níveis e em todos os departamentos que compõe a empresa. Queremos chegar a Julho e abrir supermercados, onde os nossos clientes reconheçam a qualidade dos nossos produtos a preços competitivos”, assegura Elena Aldana, diretora de Assuntos Europeus da Mercadona, ao Jornal Económico.

Segundo esta responsável, “podemos afirmar que o nosso modelo de coinovação nos ajuda a manter a nossa premissa de máxima qualidade a preços competitivos”. “Este modelo ajuda-nos, em colaboração direta com os nossos clientes, a definir o sortido que vamos ter nos lineares dos supermercados, adaptado da melhor forma às necessidades dos nossos clientes. Por este motivo, a Mercadona apresenta uma marca própria tão forte e com grande penetração no mercado”.

Para Elena Aldana, “os centros de coinovação que a empresa tem, um total de 19, sendo que um dos centros está em Matosinhos” funcionam como “macrolaboratórios de ideias”, onde “conseguimos captar, em conjunto com os nossos clientes, inputs para desenvolver novos produtos  e melhorar produtos já existentes”.

“Todo este esforço de conhecimento prévio, faz com que os resultados nos indiquem que 82% dos produtos lançados pela Mercadona permanecem mais de um ano no supermercado, em comparação com os 24%, [de] média do setor (dados Nielsen). São vários os produtos que resultaram deste modelo de coinovação, por exemplo, as costelas de churrasco ou as asas de frango assadas, [em] que a sua embalagem se pode aquecer diretamente no microondas, as pizzas Hacendado de queijo e fiambre sem lactose ou até a quinoa pré-cozinhada congelada Hacendado, todos eles produtos com uma taxa de êxito no lançamento quatro vezes superior do que a média do setor”, explica Elena Aldana.

Esta responsável do gigante espanhol da distribuição destaca que, por outro lado, “é importante sublinhar a preocupação da empresa para manter a cadeia agroalimentar sustentável”. “A nossa política comercial ‘SPB – Sempre Preços Baixos’ permite-nos garantir os preços sem excessivas oscilações e com isto, toda a cadeia, desde o fornecedor ao cliente final, fica a ganhar”, garante.

“A Mercadona, para dar resposta ao crescimento da empresa, está a de­senvolver o seu projeto logístico de forma sustentável e a definir os seus critérios de ‘stock’, processos logísticos e recursos. Para tal, a empresa apresenta uma rede logística de 15 blocos logísticos em Espanha e um em Portugal – ainda em construção – que permite estar presente em pontos estratégicos do país, procurando a proximidade com os fornecedores e com os supermercados”, destaca Elena Aldana.

A diretora de Assuntos Europeus do grupo espanhol assinala que “a Mercadona, nas suas soluções de logística, procura sempre a eficiência e a optimização de recursos em todos os processos logísticos”, acrescentando que “prova disso são os seus ‘Blocos Logísticos Séc. XXI’, blocos totalmente automatizados, que ajudam a dar um serviço de excelência às lojas, a melhorar a produtividade dos processos, e a eliminar os esforços excessivos dos colaboradores”.

“Por outro lado, a empresa integrou nos seus blocos logísticos o PPG  (‘Picking Ponte Grua’), um sistema inovador de armazenamento e preparação automática de paletes de carne, fruta e verdura. Este sistema, para além de eliminar os esforços excessivos realizados pelos trabalhadores, torna os processos mais eficientes, garantindo a máxima qualidade e frescura aos clientes”.

“Por outro lado os próprios supermercados, no novo ‘Modelo de Loja Eficiente’ da Mercadona, estão completamente conectados tecnologicamente, integrando uma série de dispositivos eletrónicos e ferramentas que ajudam os colaboradores a partilhar informações de qualquer secção da loja; o que facilita a autogestão de cada supermercado e agiliza os processos de toda a cadeia, permitindo gerir de forma mais eficiente o stock”, conclui Elena Aldana. A Mercadona já anunciou a abertura de oito a dez lojas nas regiões centro e norte de Portugal a partir do segundo semestre deste ano.

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